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Quem tem filhos pequenos sabe que contar e ouvir estórias faz parte da rotina de muitas crianças.
Minhas filhas solicitam com frequência que eu conte estórias pra elas. Percebi que elas sempre dão mais atenção quando envolvo animais nos meus contos.
Acho que o interesse das crianças nos "bichinhos" explica o sucesso das fábulas. E explica também o sucesso dos desenhos animados que envolvem personagens baseados nos animais, sem falar das canções infantis.
Não sou muito criativo em inventar minhas próprias estórias. Por isso recorro aos livros, internet ou mesmo aos desenhos animados.
Mas as meninas aqui em casa são bem criativas. Outro dia me surpreendi quando as vi brincando com um coelho invisível (acho que o coelho fictício era o da Mônica).
Elas passavam o coelho imaginário uma pra outra. Uma alimentava o coelho, a outra dava banho, faziam carinho e colocavam-no pra dormir ... até que elas começaram a brigar porque uma pegou o coelho e não devolveu mais pra outra.
Eu fiquei rindo: mas como elas podem brigar por uma coisa que nem existe?!
Ontem minha filha mais nova pediu uma estória. Fui pego de surpresa. Não tinha nada pra contar. Mas na hora vi no meu telefone um título de uma música chamada peixe francês. Aproveitei e mandei essa:
Era uma vez um peixe francês, não queria saber de aquários e nem de vocês.
O peixe francês era ágil em se esquivar de qualquer anzol e sempre alertava o peixe espanhol: tenha cuidado meu escamoso amigo, e fique ligado nas bolhas que digo.
Era uma vez um peixe africano que se descuidou e entrou pelo cano, pois ficou amigo de um crocodilo. Antes tivesse ficado amigo de uma girafa.
...
Era uma vez um peixe carioca que se apaixonou por uma minhoca. Pra ela, ele fez canção e lhe entregou o seu coração.
Um menino mau, sabendo disso, colocou a minhoca num anzol. e num dia escuro de sol, com o céu azuzinho, pescou nosso apaixonado peixinho.
...
...
Nesse momento da estória, minha filha me interrompeu: pai eu tô com raiva do menino mau, ele não devia ter pescado o peixinho. Tô triste com essa estória, pai.
Fiquei meio sem graça, mas corrigi:
Mas o peixe carioca, luminoso como o sol, conseguiu escapar do anzol e escorregou de volta pra água. Desde então ele aprendeu a lição, e correr perigo não quer mais não.
... ela sorriu e eu aproveitei pra dizer:
Fim
